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"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”. Amyr Klink.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

PROJETO PATAGÔNIA 2015 - DE VOLTA AO FIM DO MUNDO

Um cara que vai de moto até a cidade de Ushuaia, no fim do mundo, distante cerca de 8000 km de São Paulo, não pode ser considerado "normal". O que dizer então de alguém que vai pela segunda vez?
Foi isso que veio à minha mente quando meu amigo Arnaldo Bianco comentou de fazermos o Projeto EasyRider II - Ushuaia.
O projeto EasyRider I foi para o Atacama e o grande diferencial foi termos utilizados motos Custom (Harley e Triumph). No caso da Patagonia achei melhor sermos um pouco mais convencionais na escolha das motos uma vez que somente as adversidades do caminho seriam suficientes para dar o tom de aventura à empreitada.
Então, juntamo-nos ao amigo Carlos Daniel e iniciamos os preparativos para a empreitada que no total deveria superar os 14000 km.
As motos seriam as nossas GS 1200 ADV e o Bianco iria com a Honda NC 750, apelidada de Valentina, juntamente pela valentia demonstrada durante os dias da viagem.

Segue um relato da viagem, que espero que sirva de inspiração e fonte de informação para quem quer um dia chegar ao Fin Del Mundo, ou para matar a saudade daqueles que ousaram chegar de moto até lá.
Aproveito para agradeçer meus parceiros Arnaldo Bianco e Carlos Daniel Silva. Amigos há mais de 35 anos, pelo companheirismo, apoio, amizade e sabedoria durante nossa viagem.
Amizades que duram tanto tempo não são tão comuns, isso por si só seria um fato digno de nota, agora imagine 3 amigos que se conhecem desde a adolescência, hoje todos de cabelos grisalhos, se reunirem para fazer uma viagem de moto ao fim do mundo. Pra mim algo incrível e que me deixa muito feliz.
Só uma frase me vem à cabeça: Os bons amigos conhecem todas as suas estórias. Os amigos de verdade, as viveram com você.

Logotipo da viagem
Ruta 40 - a espinha dorsal da Argentina

     

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Customizando uma Indian

 
 

Sou Harleyro desde criancinha, mas essa Indian ficou lindona!!

 
Fonte: Lord of Motors - Conheci esse blog ontem. Bem legal! Acho que vou copiar ainda muita coisa desse cara aqui.


sábado, 20 de outubro de 2012

Projeto Transoceânica / Machu Pichu e Atacama 2012

Rodovia do Pacífico, Machu Pichu e Deserto do Atacama - 2012



Outubro de 2012:
Após tanto ouvir falar da Rodovia Transoceânica que liga o Brasil ao Oceano Pacífico, passando por Cuzco no Perú. Resolvemos traçar um novo roteiro de viagem que incluísse Machu Pichu e o deserto do Atacama no Chile.
Seria a primeira grande viagem a bordo da GS, um verdadeiro teste de fogo para a motoca, já que seria submetida a condições extremas de uso, tais como grandes altitudes 200 a 4900 m) e variações de temperatura (-10 a 42,5 graus).
Tudo pronto, moto revisada, bagagem arrumada e partimos no dia 30/09 rumo ao norte do Brasil, alcançando a Rodovia do Pacífico lá em Porto Velho, em Rondônia. Até lá seriam mais de 2000km passando por São Paulo, Goiás e Mato Grosso.

Domingo 30-09-12 ( Campinas / Itumbiara ) + - 650 km
Saímos de Campinas as 11:00h e paramos em Ribeirão Preto para abastecimento.
Neste dia rodamos 650 km, chegando a Itumbiara, já em Goiás, cidade agradável às margens do rio Paranaíba.

 Saindo de São Paulo pela Anhanguera, até o triangulo mineiro
 As primeiras paradas para abastecimento, com o calor já pegando.

Segunda 01-10-12  ( Itumbiara / Rondonópolis )   + - 730 km
Com bastante calor saímos de Itumbiara em direção a Rondonópolis no Mato Grosso, passando por Rio Verde, Jataí e Mineiros. O calor começa a aumentar e as roupas de Cordura a incomodar.
Chegando em Rondonópolis, soltou-se o parafuso que prende o farol da GS, isto porque na véspera da viagem havia mandado instalar um protetor de farol que não foi devidamente fixado.
Paramos um pouco mais cedo devido ao forte calor e fomos até a oficina Barão Motos onde o pessoal conseguiu uma parafuso adequado para fixação do farol.
Fica aqui o agradecimento ao Barão e ao Lucio, de Rondonópolis, que foram muito prestativos, e não cobraram nada, aproveitamos e tomamos uma cerveja juntos.

Terça 02-10-12  ( Rondonópolis / Sapezal )  + - 779 km
Pela manhã começou uma chuva forte que ajudou a amenizar o calor.
Fica claro para nós que a BR 364, tem muito trafego de caminhões pesados e por indicação do pessoal da Barão Motos, resolvemos pegar um desvio de Goiânia mais ao norte, passando por Dom Aquino e Chapada dos Guimarães. Este caminho é um pouco mais longo, mas tem paisagens incríveis com poucos caminhões,  por isso a travessia da Chapada vale a pena. Nesse dia o termostato do painel da moto acusou 42,5C e chegamos a Sapezal MT
Em Goiás, atravessamos pelo território indígena de Utiariti e ficamos surpresos com a cobrança de pedágio pelos índios, R$ 10,00 a moto, com recibo e tudo...


 O parque nacional da Chapada do Guimarães, um lugar bem bacana

 
 Perto de Goiania a chapa começa a esquentar, 42,5 graus 
 
Quarta 03-10-12 ( Sapezal / Ariquemes )  + - 746 km

Neste dia retornamos a BR 364, com trafego intenso de caminhões, e o calor intenso. Usar roupa de cordura nessa região, nem pensar, o negocio é camiseta de manga comprida.

Quinta 04-10-12 ( Ariquemes / Rio Branco ) + - 750 km


Saímos de Ariquemes, pela manhã com o céu carregado de nuvens,  pegamos muita chuva neste trecho quase até Porto Velho.


            Na primeira parada para o descanso, encontramos João Tagino e o Marcos Mancini, dois empresários ligados ao motociclismo, que nos indicaram a Honda Star Motos para a troca de oleo do motor em Porto Velho-RO, ficamos conversando e eles nos disseram que tem uma empresa que promove excursões de mototurismo na região norte do país e tb fora dele... alugando as motos e oferecendo toda infraestrutura necessária aos moto-aventureiros … Bela iniciativa!!!

            Também nesse trecho atravessamos a balsa do rio madeira, (R$ 4,00).

Aqui cabe um comentário: numa rodovia tão importante para o país, como é a BR-364, é incrível que ainda tenhamos que aguardar numa fila de balsa para poder atravessar de um estado a outro. Mas é bonito... De um lado do rio é Rondônia e do outro o Acre, passando bem pertinho da divisa com a Bolívia, no entanto não adentramos ao território boliviano e seguimos direto para Rio Branco, adentrando pela floresta a amazônica que ja começava a mostrar sua beleza ao longo da estrada.


 

 Saindo da Balsa do Rio Madeira


 

 Enfim a Amazônia...


Sexta  -   05/10/12       ( Rio Branco / Porto Maldonado )    561 km

            Logo pela manhã, fomos a Honda Starmotos para troca  óleo da moto, Lá o pessoal foi muito prestativo, nos atenderam muito bem. Terminado o serviço, e "sangue novo“ na motoca, nos despedimos e pé na estrada. Neste dia iniciaríamos o trajeto pela tão esperada Rodovia do Pacífico, que atravessa a fronteira do Brasil – Peru, cruzando a Amazônia brasileira e Amazônia Peruana, Atravessa a Cordilheira dos Andes a 4800m de altitude e Chega ao porto de Lima, já no Oceano Pacífico. Queríamos chegar direto a Porto Maldonado, pois da fronteira até essa cidade só tem vilarejos, quase sem infraestrutura. Quando passamos pela fronteira esquecemos de abastecer , então precisamos ir um pouco mais devagar para economizar gasolina e tentar achar um posto de gasolina, que no Perú eles chamam de "Grifo"  Na estrada muitos cachorros e gado atravessando a pista, enfim tinha que ficar muito atento à estrada, chegamos bem no hotel,  ficamos no hotel Cabaña Quinta que já estava reservado pelos novos amigos João e Marcos. Valeu !!!!

  Saindo de Rio Branco e começando a Estrada do Pacífico

Nossos novos amigos em Porto Velho, João Tagino e Marcos Mancini...


 Divisa Brasil-Peru em Assis Brasil-AC

"Posto de Gasolina" na região de Puerto Maldonado, Perú. Aqui o sistema é Bruto! 


Sabado   -   06/10/12      ( Porto Maldonado / Cuzco )           430 km 

         Saimos de Porto Maldonado tranquilos, pois havia somente 500km para chegarmos em Cusco e era um dia muito esperado íamos finalmente atravessar a a cordilheira com seus imponentes 4800m de altitude na parte trafegável, só nos esquecemos que eram 500km de subidas, descidas, muitas curvas e pelas paisagens... rs... resultado, chegamos em Cuzco já era noite.
         No alto, aos 4780m acima do mar, o motor da moto sentiu um pouco, e é perceptível a perda de potência. A injeção eletrônica tenta amenizar os efeitos, mas até um certo limite, pois o ar é muito rarefeito, é claro que nós também sentimos, e qualquer caminhada com as pesadas roupas de frio nos deixavam ofegantes, mas dá pra aguentar sem maiores problemas, pois o que tira o fôlego mesmo é a paisagem...
         Ao chegar ao pico da cordilheira, nos deparamos com uma menina que veio correndo ao nosso encontro, chegou dizendo oi e pedindo plata , ficamos comovidos, pois com um frio de 3 grau mais um vento forte,a criança estava sem meia e com as bochechas bem queimadas de frio frio, ela se chama Lourdes...  Logo depois chegou o irmão mas ninguem sabia o nome dele. Realmente de cortar o coração.
         Nesse trajeto não tem nenhum lugar para vc parar e tomar um cafézinho... Que saudades dos nossos postos de gasolina de São Paulo e toda a sua infraestrutura....rs... Chegamos em Cuzco e fomos tomar chá de coca.... fazer o que né....!



O ponto mais alto da Rodovia Transoceanica: 4750m acima do nível do mar em plena cordilheira dos andes. 


Domingo  -   07/10/12      ( Cuzco )       -  Sem moto
Tiramos o dia para conhecer Cuzco e suas histórias e conseguir comprar um pacote para conhecer Machu Pichu. 
A cidade de Cuzco é muito legal, tem gente do todos os lugares do mundo. 
Fomos à Plaza de Armas e jantamos pizza. 
Compramos um pacote para conhecer Machu Pichu por 180 dólares, o que achei caro.
O trajeto seria feito de ônibus até Oyantaytambo e depois de trem até Águas Calientes, já aos pés da Cidade Sagrada.


Plaza de Armas em Cuzco

Subindo de Trem até a cidade perdida dos Incas


Segunda-Feira  -   08/10/12      ( Machu Pichu )       -  Sem moto

O Edson, que havia saído de Campinas dois dias após, com sua BMW GSA chegou hoje a Cuzco. A idéia era prosseguirmos viagem juntos, mas agora o tempo estava ficando escasso pois hoje ja se completam 2 dias "parados" aqui. 
Machu Pichu é muito instigante e bonita. Vale a pena sentar-se em uma de suas colinas e admirar aquela paisagem. Notei ali que, qualquer pessoa de qualquer lugar do mundo, de qualquer religião ou cultura,  fica impressionado com a beleza da Cidade Perdida dos Incas.
Encontramos o Samuca, paulistano que está rodando pelas américas de mochila e que é autor do blog mochileiroaos50. Grande cara, que nos acompanhou na visita e passou o dia com a gente. Valeu Samuca... parabéns pela viagem e que Deus o acompanhe!


Pose para as fotos classicas em Machu Pichu

Samuca: mochileiro aos 50.


Terça-feira  -   09/10/12      ( Cuzco - Puno )  390 km

Saímos de Cuzco pela manhã e nos despedimos do Edson que iria ficar uns dias em Cuzco e rumamos para Juliaca, já proximo ao lago Titicaca. Neste dia passaríamos novamente pelo altiplano peruano chegando ao lago mais alto do mundo. Nessa região há dificuldade para encontrar gasolina e não são aceitos cartões para pagamento. É preciso estar preparado para comprar tudo em dinheiro durante o caminho. Aliás essa é uma constante no Peru. A infraestrutura no interior do país é precária. Mas a beleza das paisagens compensa. Chegamos à noitinha em Juliaca e achamos a cidade muito feia e desorganizada. Estranho, pairava um clima de insegurança no ar. Resolvemos tocar para Puno que parecia ser uma cidade maior. Ao chegarmos em Puno não encontramos hotel e cabamos por pernoitar em uma hospedaria no centro da cidade, como estávamos cansados fomos dormir cedo, mas de madrugada uma briga entre um casal, que chegou bêbado atrapalhou o descanso e saímos cedo para conhecer o Lago Titicaca e depois rumar para Arica, já no Chile.
Pra falar a verdade já estávamos um pouco cansados do Peru e sentindo um pouco de falta de lugares bons para comer, dormir, trocar dinheiro, etc...


Em Cuzco, encontro com o Edson que havia chegado em sua moto no dia anterior, viajamos juntos mas a 1000 km de distância um do outro...rs...!

Em direção a Puno a paisagem é maravilhosa, estrada perfeita pra moto.

Puno

Cruzando mais uma vez a cordilheira.... já estamos ficando craques...!

Quarta-feira  -   10/10/12      ( Puno - Arica )  390 km

Ao sairmos de Puno pela manhã, Inseri no gps a direção para Árica no Chile, e nem percebi que ele havia traçado uma rota Puno-Árica, passando por Dessguadero, lá na divisa com a Bolívia. Essa distração nos fez andar aquase 300 a mais, pois só percebi o erro quando avistamos a aduana boliviana. Liçao tomada, lição aprendida... nunca mais vou esquecer de levar um mapa nas próximas viagens, nem que seja só pra conferir a rota do gps.
ainda assim, almoçamos em Moquégua e no final da tarde estavamos fazendo a aduana chilena. Neste ponto encontramos um motociclista de Recife em uma Fazer 250 que vinha fazendo a mesma rota. Trâmites rápidos para entrar no Chile e tocamos pra Árica, onde chegamos e ficamos num hotel às margens do Oceano Pacífico e bem ao lado de uma simpática igreja no centro da cidade.
Árica é bem legal e tem uma vida noturna bem agitada... cidade portuária, muita gente de fora, bons preços... é uma pena que nosso tempo ficou apertado... daria pra passar uns dias aqui conhecendo melhor a cidade...

Paisagens da Cordilheira


Encontro inusitado: no meio do deserto do Atacama tres motociclistas se encontram por acaso... um alemão, um espanhol e um brasileiro...

Arica - Chile

Quinta-feira  -   11/10/12      ( Arica - San Pedro de Atacama)  710 km

A saída de Arica foi bem cedo, fazia pouco frio... uns 10 graus... portanto uma temperatura até agradável para andar de moto. Fomos seguindo em direção ao sul margeando o Oceano Pacífico pela Rodovia Panamericana. Essa estrada sempre teve um lugar especial no meu imaginário. Desde garoto, sempre que ouvia esse nome: "Carretera Panamericana" ficava imaginando... que incrível... uma rodovia que liga as tres américas, de norte a sul... imaginava que somente destemidos heróis seriam capaz de cruzá-la, enfrentando todos os seus desafios... como os ventos cortantes... o frio... e o deserto.
Agora... lá estavamos nós... eu e a Val... e a "Helga" (a moto), descendo a Panamericana, numa manhã de sol morno... em direção a Antofagasta... o asfalto lisinho... curvas deliciosas... Oceano Pacífico de um lado... Paisagens desérticas do outro... o motor boxer da GS ronronando sua sinfonia sincopada a 2800 rpm... gas de leve no acelerador e eu ora perdido nos meus pensamentos ... ora conversando com a Val ...
De repente... numa descida sinuosa, em direção a um vale... no meio de uma curva à esquerda ... damos de cara com uma carreta ultrapassando outra... a nao menos de 120 por hora...gelei... olhei para o canto da pista.... o acostamento tinha 1 metro de largura e era de pedrisco... por puro reflexo... joguei a moto nele e pendurei nos freios pra nao sair reto... a carreta passou a centímetros de nós...e o turbilhão de vento quase nos derrubou... pela primeira vez pude perceber como é ser salvo por tres letrinhas mágicas: ABS.
Consegui parar a moto e comecei a rezar e agradecer a Deus... porque Ele olhou por nós naquela hora. As pernas nem preciso dizer que tremiam mais que vara verde.
2 km depois fomos parados pela policia rodoviaria chilena, para averiguação... mostrei os documentos e quando ele ia nos liberar... comecei a contar ao policial da irresponsabilidade dos caminhoneiros que descem na banguela e ainda ultrapassam numa curva sabendo que quem vem do outro lado não tem pra onde fugir ... logo atrás de nós vinha uma família num Honda CRV... olhei para eles e pensei: se estivessemos de carro..... não estaríamos vivos agora... 
São e salvos chegamos a San Pedro de Atacama no final da tarde e fomos tomar umas cervejas geladas, para celebrar a vida e relaxar.

The long an winding road... no meio do Atacama me lembrei da musica do Paul Mcartney


San Pedro de Atacama é uma cidade diferente em tudo...
Fica no meio do deserto, é na verdade um vilarejo com casas simples e gente de todo lugar... tudo é meio caro caro, mas é compreensível. 
Fomos à aduana peruana e conversamos com os fiscais sobre a travessia da cordilheira pelo Passo de Jama, entrando na Argentina por Jujuy. Adiantamos os trâmites de saída para no dia seguinte sairmos bem cedinho, e aí foi quando os fiscais nos disseram que teríamos que sair do Peru no mesmo dia que fizéssemos os papéis de saída, mas ja eram 5 da tarde e as outras pessoas que estavam por lá nos disseram ser perigoso por causa da noite e dos ventos que levavam muita areia para o leito da estrada, deixando as curvas bem traiçoeiras.
Resolvemos não dar pelota para os fiscais peruanos e fizemos a papelada de saída e fomos pernoitar em San Pedro para cair fora no dia seguinte bem cedo. 
A cidade é bem bacana ... tem um ar de juventude e os passeios ao vale da lua e aos Geiseres devem ser fantásticos, Com certeza ficaríamos uns tres dias por lá, se tivéssemos esse tempo. 

Jantamos num restaurante todo de pedra e fomos dormir.

Sexta-feira  -   12/10/12      ( San Pedro de Atacama - Monte Quemado)  840 km

Cedinho estava frio... cerca de 5 graus mas não estava ventando... parece que aqui no Atacama o negócio é andar de moto cedo, venta pouco e a temperatura vai se tornando agradável até o meio do dia. 
Pelas minhas contas, nosso prazo estava apertadíssimo e teríamos que rodar ainda uns 3000 km até em casa ... até domingo... então vamos rodar.

A travessia do Passo de Jama é linda como são lindas todas as travessias da cordilheira dos Andes... passamos ao lado de um vulcão que tento lembrar o nome e não consigo..., passamos pelos salares. Aqui a paisagem é de outro planeta...

Fiquei com vontade de voltar ... sem ter ido embora.
Pose pra foto com o grupo de Uruguaios

Quando estávamos chegando em San Antonio de Los Cobres, já na Argentina, encontramos um motogrupo indo a San Pedro de Atacama, um pessoal do Uruguay... "tutto buona gente" conversamos bastante e confirmei a impressão que eu tinha de viagens anteriores de que o uruguaio gosta muito do brasil e dos brasileiros... o mais legal é que o grupo era totalmente democrático... tinha todo tipo de moto... Harleys , Bigtrails, Speeds... e todos em harmonia... nisso deu inveja deles...
Nos despedimos e seguimos descendo pela cordilheira com a temperatura subindo. Nossa intenção era chegar até Salta, já na região de planície do norte argentino. Passamos por Jujuy e Salta. Como o dia estava rendendo, fomos parar em Monte Quemado, onde dormimos num hotelzinho bem ruim, mas Segundo um morador, o melhor da cidade.
Monte Quemado fica bem no meio da famosa reta de 600km na Regiao do Chaco argentino. (procure no Google maps para ver).



Descendo a Cordilheira em Direção a Salta (AR) 






As Salinas Grandes perto de Salta (AR)


Sabado -   13/10/12      ( Monte Quemado - Foz do Iguaçú (Brasil)) 1070km


Quase no Brasil, passando pelas Missiones argentinas. 
Saimos cedo de Monte Quemado e passamos por uma cidade chamada Pampa del Infierno, imagino que seja um lugarzinho bem quente no verao, mas como estavamos em novembro, foi tranquilo. Rodando bem rapido, passamos por Corrientes e Resistencia e pela ponte sob o rio Parana.
A esta altura tudo o que queriamos era pisar em solo brasileiro nem que fosse tarde da noite.
Passamos pela regiao das Missiones, ja perto da divisa com o Brasil e da cidade de Foz do Iguacu. Essa regiao e bem bonita com muito verde, e matas naturais. Fiquer com vontade de passer por ali de moto outra vez.
 
Chegamos em Foz do Iguacu as 10 da noite e para comemorar o nosso dia de Iron Butt, (mais de 1000km rodados num dia), fomos jantar numa churrascaria ouvindo musica ao vivo e tomando vinho.
 
 
Domingo - 14/10/12 - (Foz do Iguacu - Campinas SP)  - 1040 km
 
Hoje teriamos mais um Iron Butt pela frente. Saimos cedo do hotel apos um café da manha (estavamos com saudades do café da manha brasileiro), e ... Estrada!!
Passamos pelo estado do Parana e entramos em Sao Paulo pelo noroeste do estado em Assis, dai, rodovia Castelo Banco e chegamos em casa, novamente as 10 da noite e mais de 1000km rodados. Aqui uma observacao: Rodar 1000km num dia e pra quem tem bunda de ferro e gosta mesmo de viajar de moto, mas rodar mais de 1000 km dois dias seguidos apos 14 dias viajando de moto... ai tem que ser fanatico mesmo....hehe!

Conclusoes:

Apesar de corrida, achei a viagem fantastica, pela oportunidade de conhecer varias regioes diferentes, desde o norte do Brasil, passando pelo altiplano andino, MachuPicchu, e Atacama. Recomendo a todos os aventureiros do mundo esse roteiro, seja de moto ou qualquer outro meio. As diferentes pessoas com as quais nos encontramos no caminhho, nos proporcionaram diferentes visoes de mundo e acho que so ganhamos com issso. 
 
A Moto:
Fantastica... comportamento exemplar em toda viagem. Realmente e uma mistura de Tanque de Guerra, com camelo, feita pra ir ao fim do mundo (e voltar).  No final da viagem apresentou um vazamento de fluido de embreagem no reservatorio perto do guidao. Apesar do curso do manete ficar curto ainda permitia trocar as marchas ate chegar em casa. 
Troquei o retentor alguns dias apos a chegada e ela estava pronta pra mais outra de 10000km. Wunderbar!! (em homenagem aos alemaes).

sábado, 15 de setembro de 2012

O PANZER ALEMÃO

Como motociclista a há alguns anos (decadas?), sempre gostei das motos com estilo, sendo as superesportivas as minhas referencias como belo design de moto. Mas como semprei gostei de buscar lugares diferentes e de acesso nem sempre pavimentado, minha vivência com as superesportivas, não foi muito longa, apesar de achá-las lindas de morrer. Ocorre também que pra mim, andar acima de 200 km/h nessas nossas rodovias cheias de armadilhas, Fuscas e Unos caindo aos pedaços, parece ser meio insensato e a chance de a brincadeira acabar mal é grande.
Por outro lado também sempre gostei das motos polivalentes, com cara de quem topa qualquer coisa desde que o cidadão que esteja sentado nela esteja decidido a ir longe por qualquer caminho, e rápido.
Depois da Bandit 1200 que tem um motorzão delicioso e da Vstrom DL1000 que parecia um mamute e que eu achava muito boa, eu tava afim de trocar de moto e após pensar um pouco achei que estava mesmo velho para as esportivas.
Sei-lá porque, comecei a olhar as GS 1200, que diziam que era boa e tal, mas em minha lembrança sempre ficava aquela moto esquisita, tipo transformer.
Apareceu a oportunidade de vender a Vstrom e comprar uma GS 1200 Adventure. Pensei comigo: tá bom vamos ver; pelo menos se além de feia, a moto não for boa, eu vendo e aí posso meter o pau nela com conhecimento de causa.
Beleza ... montei no Panzer....

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O retorno

No sábado, após visitar a cidade fantasma, comecei a viagem de volta e ainda rodei umas 360 milhas chegando a noitinha em Shawnee, perto de Oklahoma City. A estrada da volta seria toda ela a I-40 que seria mais ou menos como a Rodovia dos Bandeirantes, ou seja excelente só que sem pedágios....
No domingo de manhã logo cedo ja estava na estrada pois faltavam mais de 600 milhas, o que pensei não ser tão difícil assim de percorrer com essa estrada e esse carro. O que mata é o tal limite de velocidade, pois 70 milhas dá uns 120 km/h....dá sono...
Chegando em Memphis começou a chover forte e não parava... assim pensei que com aquele dilúvio nenhum poilicial iria operar o radar, então baixei a bota no Camaro que entendeu a situação e se comportou de forma magnífica, rodando numa média de 150 por hora na chuva como se estivesse num trilho. Cheguei em Nashville às 19:30, mais de 1000 km depois e nem estava cansado de tão divertida que foi essa puxada final. Devolvi o carro na segunda de manhã no aeroporto, com certa tristeza, pois vou sentir saudade dele também... (só pra irritar, fui perguntar o preço de um carro desses aqui... e a resposta foi.... 26 mil dólares... é mole? ).
Peguei um voo para Miami e de lá pegarei outro para casa. 
O medo que senti chegando aqui transformou-se em duas saudades.... uma grande de voltar pra casa e outra, ainda pequena, de retornar a esse país tão limpo e organizado e com tanta gente maluca e interessante. Valeu.



A cidade fantasma

Sábado de manhã amanheceu em Amarillo, com a temperatura chegando próximo de zero. A TV diz que vai esfriar mais ainda e então resolvi sair bem cedo com destino a Glen Rio, e assim percorreria o último trecho da rota 66 pelo Texas, chegando à divisa com o estado do Novo México. Essa região é chamada pelos americanos de Panhandle, que é uma área totalmente plana e onde estão localizadas algumas das maiores fazendas dos EUA, afinal aqui é a terra do pessoal do chapeú de cowboy e de extensas pastagens. A rota 66 segue ainda paralela à I-40 e resolvi pegar a autoestrada mesmo por ser mais rápido e porque ainda tinha 160 milhas para chegar lá e iniciar a viagem de volta.
Na divisa entre esses dois estado está a cidade de Glen Rio que está abandonada. Foi até difícil encontrá-la porque fica às margens da estrada, no antigo traçado da rota 66. A a linha divisória dos estados fica bem no meio dela. Diz-se por aqui que Glen Rio viveu seu tempo áureo ente os anos 50 a 70 quando a rota 66 ainda era usada por todos que iam do leste para oeste, e tinha hotéis, postos de gasolina, mercearias, correio, etc... hoje está tudo abandonado parecendo coisa de filme. A população foi diminuindo cada vez mais e hoje não ficou ninguém para contar a estória.
Coloquei os pés no Novo México, tirei umas fotos e como um ato simbólico, dei um cavalo de pau com o Camaro pra começar a volta até Nashville onde deveria estar na segunda-feira, para devolver o carro. Tinha pela frente 1060 milhas para percorrer em dois dias, então pé na estrada...




sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Chegando ao Texas


Fui ao museu da rota 66 dar uma olhada e achei que é um museu bastante organizados com muita coisa sobre a rota 66 exposta, desde automóveis, equipamentos usados na construção da estrada, viajantes ilustres, etc... tem até uma pequeno auditório onde passa um filme sobre a rota 66 aos visitantes, por US$ 4 a entrada vale a pena.
a tarde segui para Amarillo, já no Texas.
Neste estado a antiga rota 66 é fácil de seguir porque vai sempre paralela à I-40, com alguns pequenos desvios nos viadutos de acesso às cidades e dessa forma chega-se rapidamente a Amarillo, onde está o famoso Cadillac Ranch onde ficam 10 Cadillacs enterrados no meio de uma plantação, ao longo da estrada. Com certeza uma visão intrigante.










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